Castrar ou não castrar os bovinos

A castração ou não do rebanho é uma questão constante para os pecuaristas, pois ambas as opções têm pontos positivos e negativos. “Na maioria das vezes, o boi castrado produz uma carcaça e uma carne de melhor

qualidade, enquanto o boi inteiro tem produtividade maior, ele ganha mais peso”, exemplifica Rodrigo Gomes, pesquisador da Embrapa Gado de Corte, sediada em Campo Grande, MS. Daí a escolha não ser simples, oque dificulta colocar os prós e contras na balança.

Carne x gordura – Assim, se deseja ter maior produtividade, Gomes acredita que o produtor fique tentado a não castrar o boi, o que pode lhe render uma carcaça mais pesada e, consequentemente, maior receita, mas, ao mesmo tempo, perdas no quesito acabamento.

Segundo ele, apesar de o boi inteiro apresentar maior ganho de peso – podendo ter desempenho 10% superior ao dos bois castrados -, ele não consegue a mesmadeposição de gordura. “O boi inteiro acaba acelerando esse processo de engorda, mas com mais musculatura e menos gordura”, afirma Alcides Torres, sócio-diretor da Scot Consultoria.

Essa diferença ocorre por causa dos hormônios que são mantidos quando não há castração, explica Gomes. “Dessa forma, o alimento que o boi inteiro consome é, em sua maior parte, destinado para a produção de

músculo, fazendo dele um animal que ganha mais peso, produz mais carne, mas penaliza o acabamento”, conta.

Essa falta de gordura, segundo a Embrapa, pode resultar em um escurecimento da parte externa dos músculos durante o resfriamento da carcaça, que, por esse e outros fatores, como pH mais baixo, faz com que as carnes de bois castrados tenham um vermelho mais vivo do que aquelas de animais inteiros. Elas também tendem a ser mais macias e ter maior vida útil na prateleira.

Bois mais dóceis – A diferença de comportamento também deve ser levada em consideração na hora de decidir pela castração. Animais castrados ficam mais dóceis, o que facilita a condução no dia a dia. “Com o boi inteiro, o manejo é mais complicado em termos de mão de obra, animais agressivos etc… porque você quebra mais cercas, currais, pode se machucar mais”, completa o pesquisador.

O gosto do freguês – “Existe ainda uma política dos frigoríficos de dar preferência para bovinos castrados, o que em uma época de abundância de oferta, como é o momento vivido pela pecuária hoje, fica mais evidente”,

diz Alcides Torres. Na falta de bovinos castrados, isso muda, “já que a indústria precisa girar, e compra o que tem”, completa. Em 2016, segundo o Mapa, dados de fiscalização de frigoríficos mostraram que 31% dos abates foram de bovinos castrados, 65% de animais inteiros e 4% não identificados.

Segundo Torres, não há, hoje, de maneira generalizada, uma premiação pela carcaça de bovinos castrados, havendo sim programas específicos, cada um com sua política. Mato Grosso do Sul é um dos Estados com projetos próprios.

“Às vezes o frigorífico, por incentivo do Estado, como é o caso aqui, paga a mais por esse boi castrado. Só que, ao mesmo tempo, o produtor perde um pouco em desempenho desse animal, porque ele

será abatido mais leve”. A escolha, então, fica a cargo do pecuarista e depende do mercado que ele quer atingir.

Momento de castrar – Segundo o pesquisador, atualmente, a preferência dos produtores é por castrar os animais com peso entre 350 e 400 kg, porque nesse momento, eles já passaram da puberdade e tiveram pleno desenvolvimento da sua ossatura.

“É mais para evitar que o animal ainda esteja crescendo, colocando musculatura, apesar de pesquisas já terem indicado que não há muita diferença em castrar o boi com 350-400 kg ou 250-300 kg”, diz. 

1 método cirúrgico: que retira os testículos do bovino em um processo mais agressivo, de recuperação moderada, mas considerado de alta eficácia. Consiste em se fazer um corte na bolsa escrotal e retirar ostestículos do animal.

Ao se remover os testículos, deve-se proceder ao controle hemorrágico mediante utilização de suturas, ou na impossibilidade desta, proceder a cauterização.  Após a castração é preciso realizar uma correta higienização local com

aplicação de produtos antimicrobianos, cicatrizantes e repelentes. Pode-se utilizar anestésicos ou sedativos para que o animal fique imóvel e não sinta a cirurgia.

Parte doTexto retirado do site:  https://www.scotconsultoria.com.br/noticias/scot-na-midia/46467/o-que-vale-mais-a-pena-castrar-o-boi-ou-mante-lo-inteiro.htm

2 O burdizzo: esmagamento dos cordões espermáticos, que é tido como um método agressivo e de recuperação mais lenta e separados um do outro, os testículos do animal vão-se atrofiando dentro da bolsa que os abriga (saco escrotal)

e, aos poucos, são absorvidos pelo organismo do boi – desaparecem completamente depois de, aproximadamente, 40 dias. Esse método tem a vantagem de não ser muito doloroso e de não exigir cortes, evitando-se, assim, o perigo de infecções.

Foto retirado do site: https://www.magazineluiza.com.br/castrador-para-bovinos-outros-animais-burdizzo-alicate-grande-yama-pet/p/ghka477f01/pe/vetp/

3 Castração química: que apesar de menos agressiva, ainda tem uma eficácia mediana. É um método que consiste na aplicação de substâncias químicas que atrofiam os testículos do animal. 

  • É aplicada uma solução de aldeído-fórmico e cloro de cádmio nos testículos do animal 
  • É utilizada injeção de tintura de iodo e látex 

Resultados

  • Os bovinos perdem o interesse sexual e o comportamento agressivo 
  • Os testículos do boi ficam atrofiados e deixam de produzir os espermatozóides, tornando o animal castrado 

Considerações 

  • O processo é bastante doloroso para o animal
  • Pode apresentar resultados muito graves, pois às vezes a substância atinge apenas parte dos testículos.

Seja qual for a opção escolhida pelo produtor, Gomes ressalta a importância de as medidas cirúrgicas respeitarem as normas técnicas do Conselho de Medicina Veterinário e serem realizadas sempre por um profissional. https://www.scotconsultoria.com.br/imprimir/noticias/46467

INTEIRO ACELERA O PROCESSO E GANHA PESO MAIS RAPÍDO, MENOR GORDURA E CARACTERISTICAS DESEJADAS

CASTRADO PRECISA COMSUMIR DEZ A QUINZE % A MAIS PARA REVERTER O MESMO PESO POR DIA

Pesquisas dirigidas pelo especialista da Embrapa Gado de Corte Gelson Luís Dias Feijó apontam que os mesmos padrões de qualidade de carne e carcaça de animais castrados podem ser obtidos com o abate precoce de animais inteiros.

Se o abate for feito a uma idade inferior a 24 meses (animais com dente de leite), a preferência é por mantê-los inteiros, pois até esse período não há diferença significativa quanto à qualidade de carne entre animais castrados e não castrados. 

Castrar ao nascimento apresenta como principal desvantagem a não-utilização do efeito anabólico dos hormônios produzidos nos testículos. Retardar a castração para a época do desmame (período de seca) coincide com mais uma prática estressante, assim como a proximidade da época de restrição alimentar.

Castrar com 12 ou mais meses tem os inconvenientes do difícil manejo e do grande estresse causado ao bovino, além do risco de se perder um animal de valor considerável. Resultados de pesquisas mostram que a realização da castração até a fase de puberdade não apresenta diferença quanto ao desempenho do animal.

Verificou-se também, que castrações realizadas após a puberdade apresentam ganhos relativamente pequenos devido às dificuldades de manejo e aos riscos gerados

Há trabalhos no qual se demonstrou que as castrações dos bovinos ainda muito jovens são prejudiciais ao desenvolvimento final dos animais.

A recomendação de Feijó é que, caso o produtor insista em castrar os animais que faça no nascimento ou, no máximo, até a puberdade, quando os riscos são menores.

É imperioso que a idade de abate dos bovinos inteiros não exceda aos dois anos. Abater animais inteiros com mais de 24 meses é indicativo de que o sistema de produção é ineficiente para a produção de carcaças com melhor qualidade.

A castração de machos normalmente ocorre na seca onde é menor a proliferação de moscas e outros insetos ou parasitas. Desta forma, diminui-se a possibilidade de infestações por miíases e infecções secundárias

Os machos inteiros são mais passivos de apresentar uma carne com pH indesejado pois, ao atingir a puberdade, passam sofrer mais estresse, ficam menos mansos e pouco obedientes (assim como acontece com nós humanos), em relação aos castrados.

Estes fatores favorecem mudanças no pH. E o pH influencia no odor, sabor, maciez e cor da carne. Em um estudo envolvendo mais de 6.500 animais em nove estados os machos inteiros apresentaram ser a maior fonte de carne com desvio de pH.

Em relação à maciez, a análise da força de cisalhamento mostra que quanto maior o valor, mais dura a carne. Os resultados foram os machos não castrados quando comparados com os castrados e com as fêmeas, teve em torno de 0,5 kg a 800 gramas mais duro.

Sobre a classificação de maciez, o macho inteiro apresentou muita variabilidade e carne com “maciez intermediária”, enquanto o macho castrado e a novilha só apresentaram carne considerada “muito macia” e carne “macia”, que é outro ponto que estes animais levam vantagem em relação aos inteiros.

A preferência do consumidor, no teste com aqueles “não treinados” também se mostrou maior pelas carnes destes animais em relação aos inteiros. Para os “treinados”, o macho inteiro também se apresentou mais dura, precisando mastigar mais do que as demais.

Fatores finais a se considerar

Considerando então que o animal não castrado é mais eficiente para ganhar peso, a decisão de castrar ou não passa por fatores indiretos como:

  • Dificuldade de manejo pela presença de fêmeas;
  • Maior dificuldade de terminação na entressafra (período seco);
  • Aumento do custo com manutenção de benfeitorias (brigas);
  • Menor desfrute, etc.
  •  

Entretanto, não se deve esquecer que os animais não castrados dão acabamento numa idade mais avançada, ou seja, com peso maior que os castrados, acarretando maior rendimento de carcaça.

Na realidade, existem vários fatores diretos e indiretos que influenciam na tomada de decisão entre castrar ou não os bois para a engorda, principalmente a pasto.

O prêmio pago pelo frigorífico aos animais castrados será determinante. Cabe então ao produtor analisar todos esses fatores para fazer a escolha certa. E se a decisão for a de castrar (a pasto), que ela seja o mais tardia possível para maximizar o peso corporal na fase de crescimento desse animal. 

Parte de texto retirado do site:  https://rehagro.com.br/blog/boi-inteiro-ou-boi-castrado/

bettiovanio

Uma idéia que saiu do papel após um longo tempo de experiência vivida no meio rural.Sabendo dos seus desafios e procurando encontrar uma saída para ajudar o produtor rural a ganhar conhecimento e ao mesmo tempo levando informações as pessoas que não tem o convívio do meio rural explicando como é a realidade do nosso produtor rural.Como realmente acontece a produção de um litro de leite, um kg de carne, uma bandeja de ovos entre várias fontes de alimentação que estão em nossa mesa todos os dias.

Deixe um comentário