O planejamento forrageiro.

É um instrumento para planejamento alimentar que visa organizar a propriedade.

Auxilia na tomada de decisão, com o objetivo de estabelecer o dimensionamento adequado do rebanho, em função da área disponível para a produção de pasto, da escolha das pastagens, da sua capacidade de suporte (lotação), do seu ciclo produtivo e da produção de alimentos conservados bons.

Na escolha das espécies deve-se levar em consideração:

• A área disponível para a produção de pasto;

• As condições climáticas da região;

• A topografia, fertilidade do solo e pedregosidade;

• A disponibilidade de mão de obra;

• O conhecimento técnico do produtor.

Imagem retirada FERNANDES, C.O.M.; PESSOA, N.S.; MASSOTTI, Z. Planejamento forrageiro. Florianópolis: Epagri, 2015. 36p. (Epagri. Boletim didático, 128).

O planejamento forrageiro busca disponibilizar forragens de alta qualidade e em quantidade adequada às necessidades de forragem do rebanho durante o ano inteiro, visando assegurar sua produtividade, persistência e eficiência na utilização das pastagens, na melhoria da produtividade por vaca e por área (hectare).

O planejamento tem como objetivos específicos:

• Adequar a demanda de forragens à capacidade de produção dos pastos;

• Adequar a estrutura de rebanho à capacidade produtiva dos pastos;

• Aumentar a lotação de animais por área (vacas/ha);

• Maximizar a produtividade por área (litros/ha) ou ganho de peso dos animais no caso de gado de corte;

• Diminuir as necessidades de alimentos conservados: Silagem, feno e pré-secado até o uso da ração.

Etapas do planejamento forrageiro

• Avaliar as áreas disponíveis da propriedade, a respeito da declividade, localização, disponibilidade de água etc.;

• Avaliar as condições das pastagens existentes e da fertilidade do solo;

• Dimensionar e estruturar o rebanho compatibilizando os objetivos do produtor com a área e a capacidade de produção dos pastos;

• Dimensionar as áreas e os tipos de pastos a implantar, de acordo com as condições de clima, a área da propriedade, a topografia, o tipo de solo e os objetivos do produtor;

• Realizar levantamento das áreas e espécies forrageiras existentes na propriedade e qual a capacidade que estão colocando de animais nas mesmas.

Cálculo do número de Unidades Animal (UA)

1º PASSO – descarte de animais improdutivos: vacas improdutivas ou com problemas sérios de mastite, machos adultos etc.

2º PASSO – transforme o rebanho em Unidades Animal (UA).

A projeção do rebanho que será alimentado na propriedade é o ponto-chave para um bom planejamento forrageiro, ou seja, há a necessidade de hierarquizar os animais, a partir da maior demanda por pasto. Os trabalhos técnicos consideram que uma (1,0)

Unidade Animal corresponde a 450 kg de peso vivo. Na estrutura de rebanho de uma propriedade leiteira há diferentes categorias animais com pesos diversos, portanto, para calcularmos o número de UA, devem-se somar os pesos dos animais presentes na

propriedade e dividir por 450.

Na prática, utiliza-se o seguinte método para calcular o número de Unidades Animal:

Categoria animalFator de conversãoRebanho atualCálculo Unidade Animal (UA)
Vacas          1,0         15          15
Novilhas de 1 a 2 anos        0,75         4          3
Terneiras até 1 ano       0,33          6          2
Touro/ bois       1,3           1          1,3
Cavalos       1,5          0           0
Ovelhas       0,2          0           0
Total          26         21,3

Para calcular o número de Unidades Animal, multiplica-se o número de animais dentro de cada categoria animal pelo fator de conversão.

Imagem retirada FERNANDES, C.O.M.; PESSOA, N.S.; MASSOTTI, Z. Planejamento forrageiro. Florianópolis: Epagri, 2015. 36p. (Epagri. Boletim didático, 128).

Existe uma proporção ideal para o rebanho 60 % dos animas sejam vacas em produção, 10 % vacas secas, 10 % de novilhas de um a dois anos, e 20 % das bezerras até um ano de vida,

Em um rebanho com cem cabeças: 60 vacas em produção de leite, 10 vacas secas, 10 novilhas de um a dois anos e 20 bezerras até um ano 

No caso de gado de corte 50% de vacas com cria, 24% de primíparas ou vacas de primeira cria e 26% de novilhas até 15 meses.

Capacidade de suporte das pastagens

A capacidade de suporte é representada pelo número de Unidades Animal (UA = 450kg de peso vivo) que uma pastagem suporta em uma determinada época do ano, sem causar degradação da pastagem.

A capacidade de suporte de uma pastagem depende de seu potencial de produção, da fertilidade do solo, das condições climáticas, do manejo e do seu ciclo produtivo.

Como calcular a capacidade de suporte de uma pastagem?

Para calcularmos a capacidade de suporte de uma pastagem, devemos calcular a produção de pasto por hectare e correlacionar com a capacidade de consumo e com a oferta de pasto necessária por Unidade Animal.

Exemplo: quantidade de pasto por metro quadrado = 1,4kg, o que equivale a uma produção de 14.000kg/ha. Se o intervalo médio entre os pastejos for de 28 dias, teremos um crescimento de 14.000kg divididos por 28 dias = 500kg/dia. Se forem fornecidos 100 kg por UA, haverá uma capacidade de suporte de 5 UA por hectare.

Se realiza uma coleta de pastagem na propriedade para realizar este cálculo.

Atenção: a capacidade de suporte de uma pastagem depende de seu potencial de produção, da fertilidade do solo, das condições climáticas, do manejo e do seu ciclo produtivo.

Todas as forrageiras têm uma curva de produção e produtividade, variando ao longo do ano de acordo com as estações, com as condições climáticas, com as condições de umidade e fertilidade do solo e com o manejo da pastagem.

E essa é uma das principais razões para se adotar o planejamento forrageiro.

Imagem retirada FERNANDES, C.O.M.; PESSOA, N.S.; MASSOTTI, Z. Planejamento forrageiro. Florianópolis: Epagri, 2015. 36p. (Epagri. Boletim didático, 128).

Proposta básica de planejamento forrageiro

Nos sistemas de produção de leite à base de pasto, o índice que mede sua eficiência produtiva é a produção de leite por hectare, e está relacionado com a eficiência produtiva das vacas e com a taxa de lotação dos pastos, ou seja:

Produção de leite por hectare = Produção por vaca x número de vacas por hectare

Objetivo básico do planejamento forrageiro

Construir sistemas produtivos com capacidade de produção de 12 a 15 mil litros de leite por hectare.

Tabela 3. Estrutura de rebanho e número necessário de Unidades Animal por hectare para produzir de 12 a 15 mil litros de leite por hectare, em função da raça escolhida e seu potencial de produção de leite

Imagem retirada FERNANDES, C.O.M.; PESSOA, N.S.; MASSOTTI, Z. Planejamento forrageiro. Florianópolis: Epagri, 2015. 36p. (Epagri. Boletim didático, 128).

Utilização de pastagens perenes

Nas condições climáticas subtropicais de Santa Catarina é possível produzir pastos ao longo do ano, baseado na utilização de pastos perenes de verão, com alta produtividade e curva de crescimento entre 180 a 210 dias no período primavera verão,

sobressemeados com pastos de inverno de alta qualidade e

ciclo produtivo de 120 a 150 dias no período outono-inverno.

As pastagens perenes apresentam as seguintes vantagens em relação às pastagens anuais:

• Alto potencial produtivo, com maior capacidade de lotação por área;

• Longo ciclo produtivo, com melhor distribuição da produção durante o ano;

• Sistema com menores necessidades de silagem durante o ano;

• Menor dependência climática, com maior tolerância à seca;

• Manutenção e melhoria na fertilidade do solo com o passar do tempo, diminuindo as necessidades de adubação;

• Maior cobertura do solo sem necessidade de revolvimento, diminuindo os problemas de erosão;

• Possibilidade de sobressemeadura de pastagens anuais de inverno;

• Possibilidade de produção de feno;

• Menor custo de produção por kg de pasto produzido.

O gráfico abaixo demonstra uma situação real sobre a produção de pastagens na região sul do Brasil.

Excedente de alimento: o que se produziu a mais durante o verão. Interessante usar para fazer: feno, silagem e pré-secado.

Demanda de alimento: necessidade mínima dos animais.

Déficit de alimento: oque está faltando de pastagem. Oque se produz muito no verão iria usar neste momento no inverno, ou se tiver uma seca. Como se fosse tapar um buraco.  

Os animais consomem as forragem de uma proporção muito próximaindepende ser verão ou inverno. mas as pastagens não se produzem na mesma ordem. É importante ter um bom planejamento para evitar faltar a forragem, ou que seja melhor sempre ter sobrando.  

Imagem retirada PDF Principios do planejamento forrageiro Felipe Tonato Embrapa Amazônia Ocidental.

Principais espécies forrageiras recomendadas Critérios estabelecidos para a escolha das espécies a trabalhar:

1º) Adaptação às condições climáticas da região e às condições do solo (fertilidade, declividade e pedregosidade);

2º) Potencial produtivo;

3º) Valor nutritivo;

4º) Preferência ou palatabilidade;

5º) Ciclo de produção; 6º) Cobertura do solo, resistência ao pisoteio e persistência;

7º) Possibilidade de consórcios;

8º) Resistência a pragas e doenças.

Reserva forrageira

Por serem mais caros, recomenda-se que os alimentos conservados, como a silagem ou o feno, sejam utilizados como reserva forrageira.

Silagens As silagens de milho e sorgo apresentam potencial produtivo de, respectivamente, 40 a 50 toneladas e 50 a 60 toneladas de massa verde por hectare. Além do milho e do sorgo, podemos ensilar o capim elefante ou as gramíneas de inverno, sendo

que estas pastagens precisam ser desidratadas por 4 a 6 horas para serem ensiladas.

Quanto à necessidade de silagem, recomenda-se de 2,5 a 3 toneladas por Unidade Animal/ano, o que corresponde a aproximadamente 5 a 6 metros cúbicos.

Feno

As pastagens perenes de verão, em especial os tiftons ou as pastagens de inverno, podem ser armazenadas na forma de feno. Quanto à necessidade, como reserva forrageira, recomendamos uma quantidade de aproximadamente uma tonelada/UA/ano

Algumas partes de textos foram retirados FERNANDES, C.O.M.; PESSOA, N.S.; MASSOTTI, Z. Planejamento forrageiro. Florianópolis: Epagri, 2015. 36p. (Epagri. Boletim didático, 128).

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